O regresso às aulas é definitivo, mas estamos a viver uma época um bocado estranha. Está um calor de morrer em Compostela e aquela visão outoniça da locomotiva das castanhas ainda não apareceu. O guarda-chuvas continua no bengaleiro e os casacos…pronto, os casacos nem vê-los!
Ainda bem que voltou o Curtocircuito para nos lembrar a realidade: outubro está mesmo pertinho. Entre 3 e 9 do corrente mês teremos uma boa seleção de filmes para ver.
Como é costume, faço-vos uma seleção das curta-metragens lusófonas.
Nas secções que vão a concurso, temos:
- Radar 1, 3 de outubro, Teatro Principal, às 20h15.
–Excursões, Portugal-Canadá. Uma curta sobre guias turísticos, Lisboa e encontros por acaso.
–O pássaro da noite, Portugal-França. A curta-metragem mais esperada por mim. Cada vez que visito Lisboa tento ir ao Finalmente, um local onde atua Fernando a.k.a. Deborah Krystal. Esta curta fala-nos da sua vida e metamorfoses.
- Radar 4, 7 de outubro, Teatro Principal, 20h15.
–NYC 1991, Portugal. Filmada em super 8 na cidade de Nova York em 1991, poderemos ver graças a esta curta todos os passos que a nossa sociedade deu.
- Radar 5, 8 outubro, Teatro Principal, 20h15.
–A brief story of a Princess X, França-Portugal-Reino Unido. Trata-se de uma breve história sobre a escultura do mesmo nome, Princess X, do escultor Constantin Brancusi. Vejam a foto…não, não vou dizer mais nada.
Nas secções fora do concurso, temos também:
- Explora 2, 4 de outubro, Teatro Principal, às 18h30.
–Cabeça d’asno, Portugal. Um exercício experimental que mistura a narrativa de um diário com um ensaio sobre a natureza das imagens.
- Explora 3, 5 de outubro, Teatro Principal, 18h30.
–Exodus, Portugal- Países Baixos. Uma evocação da paisagem e das viagens onde Provost parece andar. A técnica é quase como a de uma apresentação de slides.
–An aviation field, Portugal, Brasil, EUA. A história de um campo de aviação na periferia de algum lugar desconhecido.
Em secções paralelas temos toda uma seção dedicada à brasileira Ana Vaz, que já apareceu pela Galiza com motivo do Play-Doc. O Curtocircuito recolhe em duas sessões a obra completa da brasiliense, sempre em volta de duas linhas temáticas: o ambientalismo e o colonialismo.
Assinalo-vos aqui as obras onde o Brasil ou Portugal é produtor.
- Púlsar Ana Vaz 1, 5 de outubro, Numax, 22h.
–Sacris Pulso: baseada no texto Brasília de Clarice Lispector, a curta-metragem dá conta do positivo e negativo da história da cidade, sempre a caminho entre a memória e o esquecimento.
–A Idade da Pedra, França-Brasil. Uma viagem ao extremo ocidental do Brasil leva-nos a uma estrutura monumental. Curta-metragem inspirado na construção épica da cidade de Brasília.
- Púlsar Ana Vaz 2, 7 de outubro, Numax, 22h
–Occidente, França-Portugal. Este foi o documentário que passaram no Play-Doc. Podem ler o argumento cá.
–Amérika, Bahía de las Flechas, Brasil- República Dominicana. Uma história ambientalista do marco da baía de Samaná aonde, pelos vistos, Colombo chegou e foi recebido por montes de setas enviadas por índios taínos. O antes e o depois com a câmara como flecha.
Noutras secções especiais haverá um espaço para o português Pedro Maia onde poderemos ver toda a filmografia dele.
No Numax no dia 6 de outubro às 20h haverá uma sessão inteira dedicada ao autor para ver: Memory, Arise (Zona), Plant in my head, Love & Light, Dare-Gale, Inventário, You and I, e Drowned in the water light.
Outra das secções especiais é SexTapes, onde são exibidos filmes que visam fazer-nos refletir. Dentro disto, está Spunk do português António da Silva. Trata-se de uma obra experimental onde os protagonistas realizam as suas fantasias sexuais. Poderemos ver esta obra no Numax o dia 5 às 20h.
Mas o Curtocircuito não é apenas cinema, é também música e eventos.
Equations é uma banda que já esteve connosco no ano passado no Wosinc. Esta vez os portuenses repetem, voltam a Compostela para tocar o seu space rock e pop psicadélico. Podem ouvi-los no dia 8 na Sala Capitol às 21h30.
No dia 7 de outubro, no Riquela Club, poderemos ir ao concerto dos Dragão Inkómodo. O coletivo La Melona volta ao ataque e traz esta banda de Lisboa. No seu Bandcamp, é notório o uso (des)equilibrado de colagens de som, algum plunderphonics e muito nonsense.
Começam a tocar na meia-noite.
O Vila do Conde Soundsistem é um evento que tratá o melhor da música do festival de cinema de Vila do Conde ao Riquela Club da rua do Preguntoiro. Miguel Dias e Sérgio Gomes espalharão os ritmos do ghetto-funk, glitch-hop e future beats o sábado 8 às 02h30.
Depois disto…não falem de aborrecimento. Apaguem essa palavra do vosso vocabulário!