Ana Moura em Vigo

Há quanto tempo que não ouvem um álbum de uma ponta a outra? Eu confesso que há montes de anos que não faço isso, mas estou a ver em Instagram e TikTok muitos post e re-post sobre o último disco da Ana Moura. Parece mesmo que a fadista veio para arrasar com este seu último trabalho. E é que entre todas as faixas da fadista, podemos encontrar não apenas fado, mas também fandango malhão, kizomba ou semba, numa tentativa de “devolver à África” tudo que a África tem dado às raízes do fado.

Ana Moura apresenta no Paço de Congressos de Vigo Casa Guilhermina, um título de disco que recolhe o nome da avó dela, uma espécie de tributo à família e à tradição. O concerto será no dia 24 do corrente mês no Auditório do Mar do Paço de Congressos às 21h. Em entrevista nas manhãs da M80 em Portugal comenta um bocado como foi o processo criativo e como está a funcionar o disco nos palcos. Vejam!

Ainda podem arranjar os bilhetes em https://www.teuticket.com/es/ver/ana-moura-suseia-et-ultreia-todos-os-pobos,-linguas-e-tribos

Advertisement

Fado Bicha no Festival Agrocuir

Acho que muitas pessoas da Galiza ficaram a saber de Fado Bicha pela participação que tiveram este ano no Festival da Canção com Povo pequenino. Se o António Variações afirmava que tinha criado um som especial e único, uma fusão entre Braga e Nova York, hoje vou fazer o atrevimento de dizer que Fado Bicha é a pedra basilar do fado queer.

Comecemos pelo nome. A palavra fado dispensa apresentações, mas bicha talvez precise de explicações demoradas. Bicha coloquialmente é um animal doméstico fêmea (gata, cadela…) e no calão português é pejorativamente uma palavra para dizer gay. Fado+Bicha remete para uma declaração de intenções e uma reapropriação de um termo. Tencionam criar um lugar de experimentação dentro de um género musical quase sagrado em Portugal. Com a sua criatividade ultrapassam barreiras de género (tão rígidas no fado tradicional) e encontram um espaço para novas narrativas.

Lila Fadista é a voz desta dupla e o João Caçador é guitarra e arranjos. Tenho lido e visto muitas entrevistas desta banda, acho que aprendo imenso sobre música e questões LGBTQIA+. Antes do Festival da Canção quis saber como é que era o processo criativo e fiquei a entender ainda mais que esta equipa é música e intervenção em simultâneo. Umas vezes resgatam fados pouco conhecidos ou já esquecidos, outras apanham fados muito canónicos e mudam a letra ou também pode ser que criem música a partir de poemas escritos por pessoas não heterossexuais.

Como prova do seu ativismo, podemos destacar que Fado Bicha pôs música à campanha do Livre nas legislativas de 2019 com a Joacine Katar Moreira como primeira candidata negra à Assembleia da República.

Fado Bicha vai marcar presença na 7ª edição do Festival Agrocuir da Ulhoa. Às 00h30 do dia 26 toda a gente fantasiada e a cantar em Monterroso o Namorico do André!

Cristina Branco com a Filarmónica da Galiza

A Real Filarmónica da Galiza e a fadista portuguesa Cristina Branco farão um espetáculo em parceria nos dias 14 e 15 do corrente mês. No dia 14 estarão em Compostela no Auditório da Galiza e no dia a seguir na Corunha no Teatro Colón. Os dois passes são à mesma hora, 20h30.

Para quem não souber, a Cristina Branco é uma das celebridades do Museu do Fado. Sim, a canção de Lisboa tem um museu. A cantora ribatejana tinha em Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan e Elis Regina os seus referentes até que um dia o seu avô lhe oferece um disco da Amália Rodrigues. A partir desse momento, começou a sua amaliomania.

Conta ela própria que uma noite atreveu-se a cantar fado de maneira descontraída, como quem não quer nada, e isso mudou a sua vida para sempre. Um dos músicos convidou-a continuar e assim a sua carreira começou.

Podem consultar o repertório de canções nas ligações que deixei lá cima. Não percam esta oportunidade de ouvir fado com os melhores músicos e uma das vozes mais cotadas da música lisboeta.

António Zambujo na Ilha

Por enquanto ainda não tínhamos escrito nada da Ilha e não é por ela não ter festivais: O Festival do Norte e O Mar numa flor estão sedeados nesta pérola da ria. Já agora, permitam-me questionar o nome de Festival do Norte, Norte? é o Norte da Galiza a Ilha de Arouça? Enfim…falemos do Mar numa flor.
O Mar numa flor é um festival que decorre nos últimos dias de julho e fusiona arte, música e natureza. É desses eventos ainda jovens, porque a primeira edição data de 2015.
A Ilha de Arouça pode ser um lugar de referência de intercâmbio cultural no Atlântico e nesse sentido a capitã Uxía Senlle está à frente deste navio, que parece ser um irmão pequeno do Cantos Na Maré, tanto no espírito quanto na contratação de artistas.

Há pouco alguém criticava no fio do meu Facebook a contratação dos The Gift por parte da Câmara Municipal de Compostela. Por uma parte estava a questão (para algumas pessoas incómoda) de eles cantarem em inglês, por outra a pouca empatia da banda quanto à identidade da Galiza. Pronto, eu gosto muito da banda e não vou pedir a pessoas de fora que tenham mais compromisso do que nós próprios. Não acho justo. Também gostaria de sublinhar (mais uma vez) que na Galiza temos uma ideia muito reduzida (e até folclorizante) da música portuguesa atual.

Com isto quero dizer que gosto da existência de novos eventos que abram caminhos e ajudem a criar sinergias, mas esses novos eventos têm de trazer também novas vozes.

Qual é a proposta do Lusopatia? chegamos tarde para falar de Falua, mas ainda vamos a tempo de confirmar a presença do António Zambujo às 21h este sábado dia 29.

Lá vai um dos seus últimos clipes.

Gonçalo Guerreiro na EOI de Lugo

image

Amanhã na EOI de Lugo despedem o trimestre com uma jornada de fados. Gonçalo Guerreiro, a sua voz e o seu gosto musical estarão na cidade das muralhas para encher de ritmos lisboetas as paredes da escola.
Ele é desses homens faz-tudo na cultura galego-portuguesa atual. Membro de Elefante Elegante, estamos mais habituados a vê-lo nos palcos a encenar e levar peças teatrais pelo mundo afora.

Nasceu em Lisboa em 1974. Concluiu o curso de formação de atores na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa depois de passar pela Real Escuela Superior de Arte Dramático de Madrid com uma bolsa do Ministério da Educação português.

Trabalhou como ator nas companhias portuguesas A Barraca e Teatro do Montemuro. Encenou espetáculos do Teatro Escondido, da Compagnie Imagerie e da Compagnie Blablablah na Bélgica.
É diplomado pela École Lassaad, em Bruxelas, onde herdou a pedagogia de Jacques Lecoq do Teatro de Movimento. Estudou Commedia dell’Arte com António Fava na Itália e Antropologia Teatral com Eugénio Barba na Polónia, Dinamarca e Portugal. Além da sua atividade pedagógica, Gonçalo Guerreiro é ator e co-diretor artístico do Elefante Elegante Teatro.

Vejam uma pequena amostra do que ele é capaz de fazer no âmbito musical.

Amanhã às 17h30!

Falua

12091291_1638015349802193_2405051816550918217_oJá está na hora de ouvir tradição fadista na Gentalha do Pichel.

Falua é o nome de uma embarcação tradicional de carga usada no Tejo. Igual que as águas chegam aos oceanos, a música chega aos corações e aos ouvidos mais duros.

Sara de Sousa e Gom de Abadim formam uma dupla única na Galiza. Com voz e guitarra acústica conseguem fazer-nos caminhar imaginariamente por roteiros ora esquecidos, ora longínquos, porque o seu repertório combina músicas de raiz galega, portuguesa e lusoafricana. Sem abandonarem a tradição fadista, dão novos ares a temas já clássicos.

No dia 16, às 22h30, na Gentalha do Pichel.

Fado 1111

10639376_1471923629733675_946168819307155490_n

De maneira lendária o povo português afirma que o rei Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, nasceu no ano 1111. Não é por acaso que a formação Fado 1111 tenha escolhido este número. A banda reúne num todo muitos símbolos nacionais: a data de nascimento do rei, o facto de serem de Guimarães -onde nasceu Portugal- e o fado.

O que eles têm de especial? Fado 1111 é a mistura do fado lisboeta e a canção de Coimbra. As duas visões do fado são reunidas nos concertos deles. Expõem de forma autentica e genuína as suas fortes divergências de estilo, mas também os seus claros pontos de contacto.

Segundo Fado 1111 diz: “Neste sentido, e recorrendo a um elenco próprio de músicos especializados em cada género, ou em posse de uma clara versatilidade, o projeto Fado1111 apresenta-se como uma eclética organização artística, permitindo-nos criar diferentes perspetivas cénicas – um espetáculo de Fado de Lisboa, um espetáculo da Canção de Coimbra, ou ainda um cativante e original espetáculo, onde os dois géneros se juntam

Querem ouvir grandes vozes e viola dedilhada? agendem!

sexta 9, Perilho. Auditório d’A Fábrica, 20h30

sábado 10, Padrão. Auditório Municipal, 20h30.

O’questrada em Pardinhas

11059733_10153532430029363_3834626634767096595_nO primeiro fim de semana de agosto está lotado de festas no país. O pimento em Ervão, os vikings em Catoira…e o festival de Pardinhas, em Guitiriz.

Num grupo de amigos há com frequência conflito, porque a variedade e quantidade de planos origina qualquer confrontação. Este ano podem deitar as culpas no Lusopatia e ir ao Festival de Pardinhas. O evento é uma feira e uma festa da música e da arte onde se respira criatividade por todo o lado.

Este ano no primeiro dia estarão os O’questrada, banda portuguesa pioneira da reinvenção do popular, das músicas de tasca e do fado.oquestrada

O’queStrada iniciou em 2001 um poderoso movimento acústico que deu cartas para criar um novo paradigma na estética musical portuguesa. Canções como “Oxalá Te Veja”, “Creo cariño” e “Se’sta Rua fosse minha” giram desde essa época em gravações de culto pelo país.

Armados em nómades, os de Almada percorreram com a sua Tasca-Beat  muitas ruas do continente e até cantaram na cerimónia dos Prémios Nobel da Paz em 2012.

Fado Violado

índiceAlguém, pela primeira vez, misturou um dia presunto e melão. Com certeza nos primeiros momentos deveu de parecer uma mixórdia bem estranha, haveria quem levasse as mãos à cabeça, mas hoje podemos dizer que aquela pessoa foi uma visionária. Como dizia Pessoa, “primeiro estranha-se e depois entranha-se”.

Fado Violado também anda no caminho do estranhamento e entranhamento. Esta dupla do Porto faz fusão de músicas ibéricas. Eles, qual filme de Carlos Saura,  uniram o fado e o flamenco. Podemos ir a um concerto e ouvir bulerias e guitarra portuguesa e aquilo…condiz.

Quem puder ver nisto uma agressão ao fado, que fique descansado. Para assegurar a presença da canção portuguesa  mais internacional temos a cantora Ana Pinhal, uma das fadistas novas mais reconhecidas.

Dia 19 (este domingo!!), às 23h, na Praça do Toural